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sábado, 3 de março de 2012

Sexo ‘sobre rodas’

Jairo Marques, jornalista da Folha que tem deficiência física, cadeirante. Ele em seu blog escreve coisas interessantes sobre tudo, inclusive deficiência. E ele escreveu esse texto à épca do Dia dos Namorados.

Ninguém vive sem sexo!

Como é dia dos “namolados”, vou levar vocês para a cama hoje! Êh dilícia, heim?! Os motéis lotados, beijos ardentes, e o “Assim como Você” no clima de amor, sexo, romance, flores e vinhos (e também
algumas cadeiras de rodas, muletas, próteses, bengalas…)

É relativamente comum, pessoas que não tenham deficiência física acharem que alguém com algum tipo de limitação, sobretudo a paralisia, seja impotente (em português mais claro, sofrer de “paumolecência”) . As dúvidas também recaem sobre a fertilidade ou mesmo sobre a capacidade de ter uma vida sexual ativa (ou passiva, né? Ui).
Em partes, essas dúvidas têm razão de ser. Algumas pessoas que tiveram lesões medulares graves (devido a um acidente, por exemplo) podem perder a sensibilidade, sim, nos “países das maravilhas”, tanto mulheres, como homens.

Ter de mudar uma vida sexual convencional da noite para o dia é desafio árduo e pode ser longo, complicado, difícil, revoltante. Aí é preciso companheirismo, amizade, carinho e vontade. Porém, atualmente, a medicina inventou “pílulinhas” capazes de levantar até o meu salário!
Com os medicamentos, mesmo um homem que não tenha sensibilidade consegue driblar a tal… paumolecência e ter relações, tradicionais, digamos assim! Isso trouxe uma revolução para muitos casais e para muitos relacionamentos, de fato.

Porém, e nos casos em que o medicamento não resolve? E como fica o ato sexual em si? E os movimentos? E a tal sensibilidade?
Corro o sério risco de cair no lugar comum falando isso, mas, acreditem, transar e transar deliciosamente é algo muito, muito além de apenas juntar “aquilo” com “aquilo”.
Sexo bom, muito bom, pode ser aquele apenas falado, olhado, tocado, lambido, degustado.
Garanto a vocês que é possível ter e provocar um orgasmo inesquecível contando histórias que não são da carochinha, trocando olhares desconcertantes, botando a ponta da língua para fazer algo além de falar mal da vida dos outros.

É possível ter imenso prazer com um carinho no tocar de um mamilo, com unhas percorrendo as costas, com um carinho no rosto, com um perfume acertado, com um beijo bem beijado.
Um deficiente bem resolvido (óia eu) descobre que o corpo tem pontos que podem despertar emoções explosivas e que prazer é algo muito além do que se dependurar no ventilador de teto para experimentar uma posição exótica.

E vocês devem estar se perguntando: e as ‘muleres’??? Com é que fica? Uma grande amiga minha, cadeirante, me ajudou a responder para vocês e disse assim:
“O primeiro passo para a adaptação sexual está em nossa aceitação. Depois que a mulher passa a conhecer e aceitar seu corpo torna-se capaz de ser envolvente, chamar atenção e atrair os homens. Elaborar a nova imagem corporal, recuperar a auto-estima e a identidade sexual são essenciais para reassumir um papel sexual e social.

Depois, é preciso ter certa intimidade verbal. Conversar, trocar informações e dar algumas dicas é muito importante, principalmente porque a sociedade desconhece as nossas capacidades e limitações na hora H”.
Vale dizer que as mulheres com deficiência física que perdem a sensibilidade lá no parque de diversões continuam tento, em diversos casos, o aparelho reprodutor em perfeitas condições para poder engravidar normalmente. Já viram uma cadeirante grávida? E os homens não perdem a fertilidade ou seja, podem ser papais normalmente!
Povo, já tive namoradas que, até o último momento antes da felicidade, tinham dúvidas de como ia ser, como fazer. E é claro que a situação é mesmo diferente. Mas, perguntar nunca ofende, ofende?

Como eu não posso subir no guarda roupas ou mesmo na máquina de lavar para dar mais clima de aventura ao ato sexual, procuro ser bom naquilo que está ao meu alcance, seja deitado, sentado, cantando, recitando poema, explorando o corpo, explorando as sensações.
Leiam o que disse minha amiga:
“Uma experiência que tive com um outro cadeirante foi perfeita. Não havia a preocupação da penetração, dos finalmentes. E foi muuuuito melhor do que com muitos andantes. A arte de explorar o corpo e de satisfazer a mulher em vários outros aspectos é uma qualidade dos homens cadeirantes… Prova mais uma vez que o prazer é muito mais complexo e envolvente do que muitos pensam.”

Então, para fechar, digo a vocês que, sim, é verdade: “Ninguém vive sem sexo!” seja o sexo feito como for. E tenho muita convicção que meu prazer não é nem um pouco menor do que o de homem que possua perfeitas formas físicas. Volto a falar desse tema em breve, para contar a vocês a aventura que é ir a um motel.
Escrito por Jairo Marques

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